toda palavra cantada
ecoa no infinito
é companheira
ainda assim
toda viagem é longa
para quem anseia voltar
Foto por Luisa Mancini. Alto-mar, Cuba, 2016.
Foto por Luisa Mancini. Sozinho na imensidão, Cuba, 2016.
Muitas vezes, para escrever um poema ou uma canção, gosto de imaginar cenas. Invento uma paisagem, pinto um céu, desenho detalhes com o pensamento. Fico viajando em sensações. Aos olhos de quem passa, devo parecer uma adulta concentrada, organizando mentalmente a agenda, os afazeres. Acho graça. Só eu sei que, no refúgio maravilhoso da minha mente, sou uma criança sonhando acordada.
Quando escrevi o poema acima, vivia um momento de muita solidão. Tinha começado a estudar música em outro país e quase todas as minhas horas eram frias. As canções me faziam companhia, mas, ainda assim, eu morria de saudade de calor humano. Pensava muito em voltar para o Brasil.
Em um dia vazio, preenchi as páginas do meu velho caderno com as palavras desse poema. Antes, sonhei acordada. Visualizei um barquinho em alto-mar. Uma embarcação pequena, simples. O mar que vi era imenso e, seu azul, muito escuro. Era noite sem lua. Tudo à minha volta se misturava com o breu, inclusive eu. Sentia medo. Ouvindo o balanço misterioso daquelas águas, só uma canção poderia me acalmar. Eu cantava sozinha. As ondas do som da minha própria voz iam se misturando com as ondas do mar. Era bonito e suficiente para que eu me distraísse um pouco. Faltavam longas horas para chegar à superfície. Eu suspirava, ansiando pela chegada.
O poema acima chama-se “à bordo não sei de que”. Foi escrito por mim e integra o livro ando bem devagarinho, lançado em agosto de 2024.
Ele está disponível para venda na Cinza Banca, localizada na Rua General Polidoro, n°164, Botafogo - Rio de Janeiro.
Que lindo! Da pra sentir nas palavras as emoções q vc sentia.